segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Me deixe sem deixar

     Me deixe com meus computadores e vídeo-games. Me deixe com as minhas comidas não-saudáveis e com as minhas cervejas.
     Não ligue para o quarto sempre bagunçado, para as ferramentas pelos cantos e para a falta de ânimo em ir para a academia.
     Me deixe com as minhas manias mas implique com elas sempre. Me deixe achando que toco bem violão e que sou o melhor homem.
     Diga que gosta das artes em meu corpo mesmo elas não sendo do seu agrado.
     Me deixe ser aquele jovem sonhador. Me deixe ser grudento e amar aos bocados mas, me deixe também viver distante em um mundo só meu.
     Me ligue a qualquer hora apenas para perguntar como estou e para dizer: não vou te deixar.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sem desfecho

     A fumaça do cigarro sobe, a cerveja do copo esquenta, os olhos de seu rosto fixam-se em um ponto e os pensamentos de sua mente voam como nunca. 
     - Alguém aí tem papel e caneta? 
     Ele não sabe se fez certo ou errado, como tudo em sua vida. Mas fez. Ultimamente, a única coisa que faz sabendo que é certo, é arrumar computadores. 
     Dorme e sonha. Acorda e vive. 
     Vasculhando seus arquivos no desktop, encontra uma lista de filmes, dos quais poucos foram vistos como o planejado. Decidindo o que por pra tocar, nota músicas diferentes do seu gosto. De cinco em cinco minutos olha para o seu telefone esperando que ele toque. Ansiedade. Arrependimento por ter feito o que parecia o certo. 
      Ele fingia não acreditar, mas sabia o que ali se passava. Aquilo com o que nunca se preocupou apareceu e se fez presente no cotidiano. Incomodando, alfinetando.
      Resolve fazer algo que não faz parte dos seus princípios. Volta atrás. Decide e age rápido sem pensar no que pode acontecer. Sai na chuva, anoitecendo e vai em busca do que quer.
      O final? Ele ainda não chegou lá. Mas de vez em quando consegue o que quer.

domingo, 12 de dezembro de 2010

O melhor do mundo

     Aquele abraço apertado me fez sentir a vontade de falar tudo o que passei, tudo o que senti. Me fez sentir vontade de chutar o pau da barraca e mandar tudo a merda.
     Vontade de te xingar, de falar que aquele cara é um paspalho e que ele não faz a mínima ideia de como deve te tratar. Vontade de dizer adeus e nunca mais olhar na tua cara.
     Sei que tu pensou a mesma coisa, eu vi nos teus gestos, vi como tu pouco me olhava nos olhos, e quando olhava, vi que os teus brilhavam como nunca. Vi como tu rasgava aquela folha de papel, aquela embalagem de chocolate para disfarçar o nervosismo de estar novamente sozinha falando comigo.
     - Para com esse drama! Chega dessa merda!
     É tudo tão simples, não vejo o porque não.
     O melhor do mundo me fez também, te querer de volta, me fez lembrar dos melhores momentos da minha vida, me fez querer rir por horas devido as nossas piadas ruins. Me fez querer te jogar de novo na cama e lembrar de como éramos bons juntos.
      Aquele abraço, depois de muito tempo, não me fez apenas sentir saudades. Me fez querer pegar de novo na tua mão e sair caminhando por ai sem rumo. Para ver se achamos um rumo.
     Aquele abraço, considerado o melhor do mundo.